E aí, será que você é refém da sua genética ou seus hábitos do dia a dia podem interferir nela? Pois então, ambos os fatores possuem influência. Essa é uma verdade incontestável. Mas o que a literatura científica demonstra é que o impacto do estilo de vida — em termos percentuais — pode reduzir significativamente o risco de doenças arteriais coronarianas.
Essa conclusão não é apenas uma suposição empírica. Ele foi testado em um importante estudo* publicado no ano de 2016 no The New England Journal of Medicine.
Nele, os pesquisadores buscaram quantificar o risco de uma doença do coração com base em uma pontuação poligênica atribuída a partir de polimorfismos de sequência de DNA nos participantes.
O resultado não foi surpreendente: o risco relativo de eventos coronários incidentes foi 91% maior entre participantes com alto risco genético. Porém, as intervenções de estilo de vida também tiveram uma influência percentual expressiva no que diz respeito à diminuição de riscos.
Entre os participantes com alto risco genético, um estilo de vida favorável foi associado a um risco relativo 46% menor de eventos coronarianos do que um estilo de vida desfavorável. Quase metade dos eventos é influenciado pelas escolhas diárias!
Neste estudo, o “estilo de vida saudável” era definido pela adoção de práticas como: não fumar, ter um IMC dentro da faixa da normalidade, praticar atividade física e manter uma dieta equilibrada.
O que tudo isso quer dizer? Mais uma vez: a genética importa, sim, mas ela não é tudo. As escolhas que você faz diariamente podem ser responsáveis por reduzir quase pela metade o risco de uma doença no coração, ainda que este diagnóstico tenha assombrado toda a sua família nas últimas gerações.
Rafael Hirsch Médico, pós-graduado em nutrologia CRM-SC 25699 / CRM-RS 42636
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